sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Obrigado, dor

Dor, minha amiga, sei quem você é
Assim te chamam por medo de você
Se pra mim é dor pra você é eu
Eu que sente, chora e ri, depois sofre
E quando escorre e te xingam, dor...
É o machismo do "boa moça", "não chore"
Mas sei que você é o que se faz
Dor é só um lado que escolhem
para acusar
Esquecem você é mais
Do outro lado foi amor, amizade,
Foi companheirismo, foi sujeira e suor? foi sim
Escapa linhas e palavras isso que você é
Foi transa e beijo, um olhar sem receber?
Foi e mais, foi semem e desgosto
Foi vício e apego, e mais !
Mas eu te considero, minha amiga
Porque com você me sinto vivo
quase um clichê do ter você, ao menos
Sabendo que você é tudo que não menos
Não quero me repetir, so que agradecer
Obrigado por me inspirar com lágrimas
Querida, dor

Só vem


Tem dilemas diante do caminho
mas dúvidas sobre o que sentimos?
Haja culpa diante das escolhas, não sei
mas fugir de nós mesmos?
Podemos gritar e lutar e nos debater
mas com nossa boca, na tua ou fechada
Frustrados ou decepcionados, é humano
mas sofrer sem viver?
Que arrogância toda é essa
de saber que o melhor é não saber
Atravessar a vida sem olhar…
Quando além do racional, já fomos lá
Queremos brigar com o mar
Vamos segurar nossos risos?
Que dilema é esse, negar o passado
ou regar o futuro?
Expectativas, vistas e corpos, tudo isso…
vamos rir e fazer rir
vamos ser e viver
propagar ao próximo, o sentir
Sei dos dilemas todos,
mas fecha os olhos
e vem, só vem

Ode às lágrimas


Dos preparativos à melancólica pós-existência nos rituais em que interpretamos a nós mesmos
Sempre seguimos e chamamos um ou outro de dor, no corredor das memórias
Mesmo fluxo de prazer, alegria, tristezas e mortes virando a esquina, esquecidos
Tudo isso deixou marcas, não nego, mas o que se quer na volta, o que será em volta?
Presságios presentes de duetos em preto e branco? lagrimas e suicídios textuais?
Sei que nossa poesia é aleatória para o universo, fazendo um sentido, mão única
Como uma estrada e todas as estradas, sempre levando ao mesmo caminho nós
Pé ante pé diante do próximo passo ao um abismo chamando eu e sendo eu
Esses caixões travesseiros, travessos de uma depressão? São textos ! Tijolos que vem e ficam
Até sair em versos ou num silêncio não escrito, choramos, rimos, amamos, morremos.
Sentimos e escrevemos, ainda estamos por aqui